terça-feira, 18 de novembro de 2008

quinta-feira, 13 de novembro de 2008


" O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesqueciveis, coisas inexplicaveis e pessoas incomparaveis."
Fernando Pessoa

segunda-feira, 3 de novembro de 2008


Ouro de Tolo
Raul Seixas
Composição: Raul Seixas
Eu devia estar contente

Porque eu tenho um emprego

Sou um dito cidadão respeitável

E ganho quatro mil cruzeiros
Por mês...Eu devia agradecer ao Senhor

Por ter tido sucesso

Na vida como artista

Eu devia estar feliz

Porque consegui comprar

Um Corcel 73...

Eu devia estar alegre

E satisfeitoPor morar em Ipanema

Depois de ter passadoFome por dois anos

Aqui na Cidade Maravilhosa...

Ah!Eu devia estar sorrindo

E orgulhoso

Por ter finalmente vencido na vida

Mas eu acho isso uma grande piada

E um tanto quanto perigosa...

Eu devia estar contente

Por ter conseguido

Tudo o que eu quis

Mas confesso abestalhado

Que eu estou decepcionado...

Porque foi tão fácil conseguir

E agora eu me pergunto "e daí?"

Eu tenho uma porção

De coisas grandes prá conquistar

E eu não posso ficar aí parado...

Eu devia estar feliz pelo Senhor

Ter me concedido o domingo

Prá ir com a famíliaNo Jardim Zoológico

Dar pipoca aos macacos...Ah!

Mas que sujeito chato sou eu

Que não acha nada engraçado

Macaco, praia, carroJornal, tobogã

Eu acho tudo isso um saco...

É você olhar no espelhoSe sentir

Um grandessíssimo idiota

Saber que é humano

Ridículo, limitado

Que só usa dez por cento

De sua cabeça animal...

E você ainda acredita

Que é um doutorPadre ou policial

Que está contribuindo

Com sua parte

Para o nosso belo

Quadro social...

Eu que não me sento

No trono de um apartamento

Com a boca escancarada

Cheia de dentes

Esperando a morte chegar...

Porque longe das cercas

Embandeiradas

Que separam quintais

No cume calmo

Do meu olho que vê

Assenta a sombra sonora

De um disco voador...

Ah!Eu que não me sento

No trono de um apartamento

Com a boca escancarada

Cheia de dentes

Esperando a morte chegar...

Porque longe das cercas

Embandeiradas

Que separam quintais

No cume calmo

Do meu olho que vê

Assenta a sombra sonora

De um disco voador...